segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O medo de ser inteiro, por medo de ser metade

Esse título, me remete a uma música que conheci na década de 90, interpretada por uma cantora pernambucana chamada Eliane Ferraz. Não sei a autoria, mas cabe muito bem no sentimento presente.

Resolvi dividir esse tema com vocês aqui no blog, por saber que ele se instaura na maioria dos artistas que conheço pessoalmente.
O MEDO DE ASSUMIR UM TRABALHO ! Um misto sensação de "possível rejeição" com a fragididade embutida em toda uma espectativa de "sucesso no projeto de vida".
Noutro dia me perguntaram numa entrevista, se eu mudaria alguma coisa, dentro desses 21 anos de carreira. E eu respondi que se pudesse teria gravado mais.
Acabei de acordar e descobrir o porquê de não tê-lo feito anteriormente.
Com a proximidade do lançamanto oficial do CD novo "Do Barro ao Ouro", com gravadora, lançamentos em várias cidades, etc... Vem a total nudez de pensamentos, sensações e localização artística que vc tem naquele momento.
descrevendo, diria que a sensação é de que se está nu...rsrsrs...Sabe aqueles sonhos que a gente se percebe nu no meio da rua? Ou tipo "alguém abre a porta e te pega com a calçinha na mão".... rsrsrs 
É um sentimento que até agora eu nunca havia provado.
E , talvez, inconscientemente, nunca tenha assumido verdadeiramente um trabalho por conta disso. Sempre estive pronta na verdade, a cada momento eu estava pronta pra aquele momento...mas, na verdade, poucos são os que se atrevem!

Estou feliz em poder dizer isso publicamente, é sinal que já assumo a tal calçinha na mão...hehehehe e significa também que já penso em todas as consequências que isso traz, mesmo sem saber quais são.

Queria ter falado isso pra vocês, pra que entendam que o glamour só existe do palco pra frente. Ele mora no público. E nunca trocou de endereço na vida!
A vida artística é realmente muito compensadora, mas, no sentido do amor que o artista tem pela sua arte e no prazer de fazê-la.
Mas esse outro lado é puxado! Talvez esteja aí a explicação porque tanta gente pira, mesmo com grana, fama, cama e lama!

Então, pra fechar o raciocínio, tô chegando, com a cara limpa, com o coração aberto, com os medos que moram em qualquer humano devidamente identificados e com coragem suficiente pra enfrentá-los (coisa que estou fazendo desde o começo desse projeto).

Eu faço votos que vocês estejam presentes nesses shows de lançamento que já estão marcados no Rio, São Paulo e Recife, e que me contem sob a forma de aplausos o que acharam desse trabalho que assumi (por força das circunstâncias) a direção, a produção e a interpretação (por gosto mesmo! heheheh).

A gente se vê por aí tá?

bjocas mil

BB

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Da lama ao caos "alternativo"

Oi gente,
Passei para ser polêmica, e sem medos de nenhuma retaliação!

Hoje passo para comentar uma entrevista que o meu conterrâneo Fred Zero Quatro (da banda Mundo Livre S/A e que hoje está na secretaria de cultura da cidade do Recife),  deu no Jornal Folha de São Paulo, que fala sobre o Mangue Beat nos dias de hoje.
Fala sobre a luta do início do movimento Mangue, do esforço por um espaço e da falta dele durante anos a fio. Fala sobre a "esfriada" que o movimento deu perante a "crise atual do mercado musical". Fala inclusive sobre um assunto que venho abordando entre amigos há muito tempo... O de recursos obtidos através de editais, que vem beneficiando em quase 70% os grandes artistas, que são grandes por merecimento, é claro, mas que assim, os que ainda estão na caminhada ficam sem nenhuma chance de concorrência. (fiz até  uma campanha " patrocínio para todos! Incentivo só para  artistas emergentes"). E o Fred disse, que com essa recorrente realidade, o mercado da "música alternativa" fica desprestigiado.
Me causou um compadecimento. Vi que lutaram muito mesmo pra conseguir esse espaço... E que têm que matar um leão por dia pra continuarem se estabelecendo mercadologicamente falando.Mas fico me perguntando...
O que é ser alternativo hoje em dia?
Alguém aí, que trabalha com arte vive ou viveu algo diferente do que ele descreve em sua entrevista?

Acho que ele tem mesmo que aproveitar um espaço dado à ele, pela importância artística que teve e tem, para dizer o que pensa e tentar fazer a diferença. Mas acho também que esse ponto de vista está um pouco equivocado por ser única e exclusivamente umbilical a partir do momento que há uma segmentação a partir dele mesmo.
Dá a entender que o que não for "música alternativa" não é digno de merecimento.
Acho que a música alternativa não existe! Música é música, todos têm seu público, e também fãs que curtem  o seu trabalho e não necessariamente ouvem só aquele estilo a que aquele artista especificamente propõe!
A globalização nos deu isso de presente! Graças a Deus!  E essa justificativa não cola mais!
Tenho passado esses meses em Recife, e já ouvi barbaridades (nesse sentido) nos programas locais que se dizem defensores de um espaço democrático da música pernambucana e metem o pau naquilo que não é "alternativo" (dentro do julgamento deles é claro).
O que é música pernambucana ou "alternativa"?
Serão os frevos, maracatus, cirandas, cavalos-marinhos, bumbas-meu-boi, e etc (que eu AMO!), ou também será o Mangue de Chico Science, o soul de Edilza Ayres, o samba de Gerlane Lops, o swing indígena de Alessandra Leão, a minha "MPB"(Música Pernambucana Brasileira), ou será a regionalidade roqueira do Cascabulho.... Ou será que é tudo isso que faz o consumidor feliz?
Sinto muitíssimo por ficar com essa má impressão , porque o que é diversificado e verdadeiro na arte de cada um é que faz a beleza de uma história, de um lugar. Assim como foi o Mangue Beat com sua espontaneidade e swing da p... que inclusive adoro (de verdade)!
Fico triste por a recíproca não ser a mesma.
Sabe, essa tal "crise" trouxe uma coisa boa afinal de contas.
Nivelou todo mundo.
Agora só vai ficar quem é bom de verdade, seja "alternativo", tradicional, azul, amarelo ou furta-cor!
Não contando com os "super stars" do povão baiano e sertanejo (que nunca estão em crise), todos estamos no mesmo barco, e acho do fundo do meu coração, que depois de tudo estabilizado, vamos ter uma safra musical como nunca se viu em nosso país!
Sairemos mais fortalecidos e com a certeza que sobreviveremos a qualquer coisa!

Viva a democracia artística! Que não tem e nunca terá cabrestos! E quem quiser que fique se doendo por aí! !!!
hehehehe
bjocas
BB

link para o jornal Folha de São Paulo