domingo, 23 de janeiro de 2011

Iemanjá - Lenda, Mito e Sincretismo Religioso

O Dia dela está chegando, recebi um email sobre uma procissão em seu dia... Resolvi abrir um link e me deparei com a interessante pesquisa abaixo.
Resolvi publicar antes de seu dia para que possamos nos informar, nos recolher e pedir com muito amor o que necessitamos para nossa vida!
Então, que Yemanjá possa nos levar em suas águas abençoadas e que o balanço dessas águas nos traga a certeza de que não estamos sós!
Ela está velando por nós!
Assim seja!!!!!
bjs em todos!
Adry


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Iemanjá (yemanjá), a Rainha do Mar, mãe de quase todos os orixás, é exaltada por negros e brancos. Iemanjá, possui vários nomes: sereia do mar, princesa do mar, rainha do mar, Inaé, Mucunã, Dandalunda, Janaína, Marabô, Princesa de Aiocá, Sereia, Maria, Dona Iemanjá; dependendo de cada região, mas sua origem vem da África. "A Iemanjá brasileira é resultado da miscigenação de elementos europeus, ameríndios e africanos".



"Afrodite brasileira", Iemanjá é a padroeira dos amores e muito solicitada em casos de desafetos, paixões conflituosas, desejos de vinganças, tudo pode ser conseguido caso ela consinta. Iemanjá exerce fascínio nos homens, sua beleza é o esteriótipo da beleza feminina: Longos cabelos negros, feições delicadas, corpo escultural e muito vaidosa.



Têm poderes sobre todos aqueles que entram em seu domínio, o mar. Venerada e respeitada por pescadores e todos aqueles que vivem no mar, pois a vida dessas pessoas estão em suas mãos, segunda a lenda é ela quem decide o destino das pessoas que adentram seu império: enseadas, golfos e baías. Dona de poderes, a tranquilidade do mar ou as tempestades estão sob o seu domínio.



No sincretismo religioso, Iemanja tem identidade correspondente a outros santos, como na igreja católica é Nossa Senhora de Candeias, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Piedade e a Virgem Maria.
Em cada lugar do Brasil Iemanjá é festejada, mas as datas diferem de um lugar para outro. No Rio de Janeiro seu culto é festejado no dia 31 de Dezembro, junto a passagem de ano, ondes os devotos oferecem oferendas: Velas, espelhos, pentes, flores, sabonetes e perfumes... na esperança de que ela leve todas as tristezas, problemas e aflições para o fundo do mar e traga dias melhores. Na Bahia sua data é comemorada no dia de Nossa Senhora das Candeias, 2 de fevereiro. Venerada nos Candomblés da Bahia, recebe muitas homenagens e oferendas.





Iemanjá também é conhecida como deusa lunar, rege os ciclos da natureza que estão ligados a água e caracteriza a "Mudança", na qual toda mulher é submetida devido a influência dos ciclos da lua.



Mãe de quase todos os órixas, é a deusa da compaixão, do perdão e do amor incondicional.



Casada com Oxalá, Iemanjá é o arquétipo da maternidade. Outras vezes Iemanjá continua bela, mas pode apresentar-se como a Iara, metade mulher, metade peixe, as sereias dos candomblés do caboclo.



Nota: Em Cuba, Yemayá também possui as cores azul e branca, é uma rainha do mar negra, assume o nome cristão de La Virgen de la Regla e faz parte da Santeria como santa padroeira dos portos de Havana.

MITOLOGIA

LENDA (Arthur Ramos)

Com o casamento de Obatalá, o Céu, com Odudua, a Terra, que se iniciam as peripécias dos deuses africanos. Dessa união nasceram Aganju, a Terra, e Iemanjá (yeye ma ajá = mãe cujos filhos são peixes), a Água. Como em outras antigas mitologias, a terra e a água se unem. Iemanjá desposa o seu irmão Aganju e tem um filho, Orungã.

Orungã, o Édipo africano, representante de um motivo universal, apaixona-se por sua mãe, que procura fugir de seus ímpetos arrebatados. Mas Orungã não pode renunciar àquela paixão insopitável. Aproveita-se, certo dia, da ausência de Aganju, o pai, e decide-se a violentar Iemanjá. Essa foge e põe-se a correr, perseguida por Orungã. Ia esse quase alcançá-la quando Iemanjá cai no chão, de costas e morre. Imediatamente seu corpo começa a dilatar-se. Dos enormes seios brotaram duas correntes de água que se reúnem mais adiante até formar um grande lago. E do ventre desmesurado, que se rompe, nascem os seguintes deuses: Dadá, deus dos vegetais; Xango, deus do trovão; Ogum, deus do ferro e da guerra; Olokum, deus do mar; Oloxá, deusa dos lagos; Oiá, deusa do rio Niger; Oxum, deusa do rio Oxum; Obá, deusa do rio Obá; Orixá Okô, deusa da agricultura; Oxóssi, deus dos caçadores; Oké, deus dos montes; Ajê Xaluga, deus da riqueza; Xapanã (Shankpannã), deus da varíola; Orum, o Sol; Oxu, a Lua.

Os orixás que sobreviveram no Brasil foram: Obatalá (Oxalá), Iemanjá (por extensão, outras deusas-mães) e Xango (por extensão, os outros orixás fálicos).

Com Iemanjá, vieram mais dois orixás yorubanos, Oxum e Anamburucu (Nanamburucu). Em nosso país houve uma forte confluência mítica: com as Deusas-Mães, sereias do paganismo supérstite europeu, as Nossas Senhoras católicas, as iaras ameríndias.

A Lenda tem um simbolismo muito significativo, contando-nos que da reunião de Obatalá e Odudua (fundaram o Aiê, o "mundo em forma"), surgiu uma poderosa energia, ligada desde o princípio ao elemento líquido. Esse Poder ficou conhecido pelo nome de Iemanjá.

Durante os milhões de anos que se seguiram, antigas e novas divindades foram unindo-se à famosa Orixá das águas, como foi o caso de Omolu, que era filho de Nanã, mas foi criado por Iemanjá.

Antes disso, Iemanjá dedicava-se à criação de peixes e ornamentos aquáticos, vivendo em um rio que levava seu nome e banhava as terras da nação de Egbá.

Quando convocada pelos soberanos, Iemanjá foi até o rio Ogun e de lá partiu para o centro de Aiê para receber seu emblema de autoridade: o abebé (leque prateado em forma de peixe com o cabo a partir da cauda), uma insígnia real que lhe conferiu amplo poder de atuar sobre todos os rios, mares, e oceanos e também dos leitos onde as massas de águas se assentam e se acomodam.

Obatalá e Odudua, seus pais, estavam presentes no cerimonial e orgulhosos pela força e vigor da filha, ofereceram para a nova Majestade das Águas, uma jóia de significativo valor: a Lua, um corpo celeste de existência solitária que buscava companhia. Agradecida aos pais, Iemanjá nunca mais retirou de seu dedo mínimo o mágico e resplandecente adorno de quatro faces. A Lua, por sua vez, adorou a companhia real, mas continuou seu caminho, ora crescente, ora minguante..., mas sempre cheia de amor para ofertar.

A bondosa mãe Iemanjá, adorava dar presentes e ofereceu para Oiá o rio Níger com sua embocadura de nove vertentes; para Oxum, dona das minas de ouro, deu o rio Oxum; para Ogum o direito de fazer encantamentos em todas as praias, rios e lagos, apelidando-o de Ogum-Beira-mar, Ogum-Sete-ondas entre outros.

Muitos foram os lagos e rios presenteados pela mãe Iemanjá a seus filhos, mas quanto mais ofertava, mais recebia de volta. Aqui se subtrai o ensinamento de que "é dando que se recebe"

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Email aberto ao novo Secretario de Cultura de Pernambuco

Recebi hj por email.

Achei o conteúdo interessante para ser dividido entre todos os amigos interessados e de repente, começar o ano (que está aí novinho e em branco...) escrevendo nossa história de uma nova forma!

Desejo que possamos analisar e agir com sabedoria!

bjs

BB

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Prezado Secretario Fernando Duarte,

Acredito que as pessoas que trabalham com a cultura no estado de Pernambuco, técnicos, artistas e fornecedores diversos, desejam que seja frutífera a sua passagem pela nova secretaria e que de preferência a secretaria não seja passageira ou lotação para inúmeros cargos.

Não o conheço pessoalmente, mas algumas pessoas que o conhecem informaram-me que o novo secretario é uma pessoa preparada para a função e pronta para ouvir a sociedade. Quanto ao preparo, só o tempo dirá. Considerando então a suposta abertura para o diálogo com a sociedade ( coisa que ademais todas as autoridades públicas deveriam ter, pois prestam um serviço a coletividade, embora algumas esqueçam disto rapidamente), tomei a liberdade de escrever este `email aberto', para desejar-lhe boas vindas e abordar alguns temas referentes a cultura que julgo importantes para a nossa reflexão.

Não pretendo aqui fazer um apanhado das coisas que aconteceram na antiga gestão da Fundarpe, pois penso que o Senhor é bem ciente delas, penso que algumas foram acertadas e outras não e espero que aquelas acertadas permaneçam e as demais, sejam corrigidas. O meu desejo é tocar nestas outras.

Então vamos lá:

O Estado tornou-se um agente importantíssimo de fomento a cultura em Pernambuco e a Fundarpe o órgão principal de gerenciamento desta política. Muitos eventos foram realizados e um processo benéfico de descentralização foi iniciado levando recursos públicos para o interior também. Embora eu particularmente discorde de algumas formas ( a participação ativa demais de prefeituras que sequer tem um órgão responsável pela cultura em suas cidades), concordo com o processo maior de permitir o acesso cultural a grande número de pessoas. Até aí tudo quase bom, então chega a hora dos pagamentos…

Aqui em Pernambuco virou a hora do pesadelo. Artistas técnicos, fornecedores e de forma geral qualquer um que trabalhe com a Fundarpe tem sempre uma reclamação quanto ao atraso muito grande nos pagamentos dos serviços prestados. O atraso é uma conversa recorrente nos bares da vida e nas noites recifenses. Não é preciso ser um gênio para entender que temos um grande problema nesta área e que sendo estes eventos quase sempre os mesmos todos os anos, um planejamento melhor poderia resolver a situação, ou então a instituição realizar apenas aquilo que pode. Este problema dos pagamentos não é uma questão só dos artistas, dentro da própria instituição muitas pessoas também não recebem em dia e é questionável se todo este atraso não viola seus direitos trabalhistas. Ha bolsistas, contratados, comissionados e todos eles precisam de um pouco de atenção. Não é possível manter e/ou desenvolver uma cadeia produtiva da cultura pagando sempre com atraso, tanto para quem presta o serviço, como para quem é responsável por gerenciar o mesmo.

Aproveito esta deixa de funcionários diversos para perguntar... Quando teremos concurso publico para a Fundarpe e plano de cargos e salários para seus funcionários, valorizando-os? Sim, sei que alguns cargos continuarão sendo de confiança e não tenho problemas com isto, desde que não sejam 10 mil e as pessoas estejam ali por competência e não por pertencerem a este ou aquele partido. O Estado, quero recordar, nos pertence, a nós cidadãos, não aos partidos, mas infelizmente assistimos dia e noite no Brasil um loteamento de cargos que muitas vezes nada tem com mérito.

Mérito secretario, também deveria ser o único critério para se eliminar ou aprovar um projeto artístico no Funcultura, não concorda? Não há razão para a manutenção deste modelo que elimina projetos por que falta uma carta de anuência, uma conta de luz ou algo do gênero. O único ‘envelope’ que deveria ser aberto deveria ser o do projeto artístico. Aprovou, tem-se um período para apresentar os documentos e assim firmar o contrato. Todas estas cartas de anuência, croquis, desenhos de luz, plantas baixas são obra de ficção, nos sabemos disto. Este amor casto pela burocracia também pode ser questionado. Há formas de se enviar estes projetos sem usar um só papel, o que além de diminuir a burocracia, ajuda a natureza. Grandes empresas que patrocinam a cultura tem adotado modelos totalmente informatizados onde os projetos são enviados on-line. É tão difícil fazer isto aqui?. Então quando falo no ‘envelope’ único, com o projeto artístico, me refiro a este sistema informatizado. Depois nós podemos mandar os documentos também digitais é claro. Não falta tecnologia no mundo de hoje para fazer tal coisa.

Fazer coisas secretario, depende de muitos braços e algumas são mais fáceis que outras. Nós artistas podemos criar nossas obras,mas é bem complicado construir um teatro ou uma galeria um museu e etc. Aqui tratamos também da infraestrutura para a ampliação da nossa economia. Pernambuco assiste a uma significativa expansão da economia do estado, com investimentos em portos, rodovias, ferrovia, que atraem outros investimentos e alavancam a produção, melhorando a logística e etc . Embora não seja eu, um economista, posso garantir que sem investimento na infra estrutura cultural a produção cedo ou tarde vai minguar. Um economista que estiver aí a seu lado poderá facilmente explicar a razão. Sim, é mais fácil fazer uma peça teatral que construir um teatro. E não seria disto que estamos precisando? Temos um teatro de boa qualidade um cinema elogiado, um a literatura das melhores, artes plásticas e fotografia tb. E espaços culturais pra apresentar toda esta produção? Nossos teatros, por exemplo, passam a maior parte do tempo fechados e se concentram todos no centro da cidade. Por que não uma rede de espaços culturais permanentes nos bairros e nas cidades do interior, com sala de espetáculos, cinema, bibliotecas, galeria e espaços para ensaios. Uma rede assim facilitará a circulação do produto. Há modelos diversos para construção desta rede, alguns equipamentos permanentes, outros de estrutura modular semi-permanente e semelhantes a lonas circenses. Terei prazer em conversar sobre isto se desejar.

Claro, que todas estas coisas precisam de recursos e de um comprometimento da nossa sociedade com a cultura. Penso que embora seja importante a participação do Estado na manutenção da cultura, chegou a hora destes empresários bronzeados mostrarem seu valor. Quantas salas de cinema a Fiat vai construir em Pernambuco? E o estaleiro atlântico sul, quantas bibliotecas? Quando ficarão prontos os teatros do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão, estas cidades que não param de receber empresas. A grana investida no porto não é de todos? Queremos um comprometimento maior do empresariado pernambucano (sempre ausente) com a cultura e não estou falando em chás e colunas sociais. Penso que a secretaria pode fazer um chamamento da classe empresarial para uma maior participação financeira nos investimentos culturais. Não basta ficar usando imagens de caboclo de lança e passistas de frevo para divulgar suas marcas, não basta ser pai é preciso participar. Eu quero um pedaço de Suape para a cultura, eu quero um pedaço do pré-sal para a cultura e se nós encontrarmos ou desenvolvermos qualquer outra riqueza vou querer também. O desenvolvimento econômico do Estado não pode ficar na mão de meia dúzia. Um lugar que não aprecia e valoriza sua cultura e os agentes culturais é um ajuntamento e não uma civilização. Sei que isto não é algo diretamente ligado a secretaria de cultura, mas é política e podemos aproveitar o boom econômico também na estruturação das nossas cadeias produtivas.

Pense com carinho e deus nos livre de artistas ingênuos.

Este email como escrito acima é aberto e estou publicando o mesmo no blog da Trupe. Espero ter iniciado uma conversa boa e desejo continuá-la, quem desejar participe também.

Sinceramente desejo-lhe sucesso. Os contatos seguem abaixo.

Elias Mouret.

trupedecopas.blogspot.com

eliasmouret@yahoo.com.br